domingo, 3 de maio de 2015

Sons reconfortantes



Certa vez, eu tive o prazer de conhecer uma garota que tinha o poder de voar.
Sim. Pode até parecer mentira, mas se trata da mais pura verdade.
Pode acreditar, ela voava mesmo.
E como ela fazia isso ? Quando ninguém estava prestando atenção.
Enquanto todos estavam procurando o que fazer da vida, ela se transformava, em um lindo pássaro
com asas ainda mais belas.
Ela fazia isso sempre que se sentia sozinha, ou das vezes que todo o mundo se tornava complicado demais. Ela voava para longe...Seu destino principal, era sempre as florestas densas, que de preferência, deveriam ser rodeadas por montanhas, rios limpos e cristalinos que lhe garantiam o banho matinal refrescante.
Ela brincava de ser pássaro, e geralmente não tinha pressa em voltar, afinal a liberdade ali era dela...Só dela.
A sensação de estar livre, tinha o efeito de droga na alma daquela menina, e ela já não sabia mais como viver sem aquela sensação de abrir as asas e sentir-se livre para ir onde quiser, fazer o que quiser, e não ter que cantar novamente apenas por obrigação.
Quando a noite cai ela não se sente solitária...
Não, não. Até parece que a palavra: "solidão", não existe para ela.
As estrelas lhe servem de lâmpadas, enquanto admirada aprecia a beleza do que consegue ver adiante.
Ainda hoje ela continua sobre a montanha.
E ali mesmo com muito carinho, a passarinha menina, fez um ninho.
Onde ela pode abrigar seus sonhos...e recuperar as forças para quem sabe um dia, voltar a realidade da vida.Não que ela quisesse manter-se distante da realidade perpetuamente. Nada disso.
Ir até as montanhas e por lá permanecer durante algum tempo, é apenas questão de refúgio, abrigo e cuidado consigo mesma. Ela tem nos olhos a certeza de que a hora certa vai chegar, e nada lhe tira da mente que um dia a vida irá sobrepujar a morte e a alegria enfim triunfará sobre a tristeza.
Ela tem asas, sim ela pode voar até o céu, dar piruetas e voltar quando quiser.
A arte de estar sempre ávida por conhecimento, lhe concede o dom de sentir o aroma das folhas que lhe cercam, afim de desfrutar da vida, com a simplicidade que ela deveria ensinar ao mundo como ter. Ela tem asas, porém por mais incrível que possa parecer, as asas são o menor detalhe que se pode observar nessa garota.
Ailton César C. Bastos




domingo, 18 de janeiro de 2015

18/01/2015


Seus passos romperam o silêncio da madrugada.
Quando a porta se abriu pude ver seu resplandente rosto a receber delicada moldura de luz.
E então Ele surgiu.
Olhou-me como se desejasse reconduzir-me ao início de tudo
e num sussurro pronunciou: "Eu sou a montanha onde podes encontrar abrigo;
eu sou teu distante deserto e sua altaneira montanha. Deixa tua alma cansada voar até mim.
Eu te consolarei, te pegarei nos braços e falarei de paz a tua alma. Estou sempre contigo."
Depois fechou a porta e se foi.
A oração da fala soou com leveza paterna a pele frágil de minha insuficiência humana.
Naquela hora, um só pensamento me ocorreu: A certeza de que nunca estive só.
Luana Portilho