terça-feira, 13 de setembro de 2016

Notas sobre notas

Notas de um lugar longe de casa - parte 1 

É destruidor perceber depois de tanto tempo que Deus nunca esteve no controle
a não ser você mesmo...
Sim, todo esse tempo era você!
Seu coração tolo e reprimido pelos seus próprios desejos
Eles que guiavam cada passo, cada oração, cada súplica. Cada prece era atendida por ti!
E Deus ? Ele nunca esteve no controle disso.

Notas de uma manhã fria  - parte 2

Aqui estou com essa incompletude que aperta o peito e lacera a alma
É uma sensação de frio constante.
Tão paralisante que não há fogo suficiente para acalenta-lo
Quisera eu saber o motivo do desconforto que há em mim...
Quisera um refugio do qual pudesse me esconder de tamanhas e inoportunas inquietações
que estão alojadas em um cantinho que até eu mesma desconheço.
Onde estou ? Não sei. Só sei que é um lugar muito frio.
Onde os gritos mais estridentes da alma não podem ser alcançados por ninguém.
Sim, não tem nenhuma alma viva por aqui.
Então por favor, apague as luzes. Não há mais surpresas para vir.
Hoje flutuo como uma pluma sem um lugar para ir.







segunda-feira, 21 de março de 2016

Carta à introspectiva que me habita.

Hoje eu queria falar com você. Sim, você que me olha por trás da porta e prefere a luz do abajur a sala de jantar. Você, que coleciona leituras e grifa livros para revistá-los quando bem desejar.
Você, que queria ser notada na adolescência mas sentia-se mais inadequada que capaz.
Você, que é o oposto daquela que ousou escrever alguns textos num blog, aquela que divulga mais da sua vida do que você seria capaz de aguentar. Você, que de noite sai do seu esconderijo e vem me (se) recriminar por andar tão íntima da vida.
Sabe, gosto do seu jeito. Entendo sua necessidade de reclusão e quietude. Seu anseio por fechar-se em seu mundo, onde arquiteta a vida e organiza os sonhos. Mas de vez em quando você se pune demais. Engasga na frente de um conhecido que vem lhe dizer que gostou da última postagem e tenta se desculpar por ser tão cara-de-pau, capaz de inventar enredos numa rede social.
É você, minha introspecção, que me dá chão. Que me permite olhar os problemas e com calma acreditar que há uma solução. Que me resguarda dos ricos supérfluos e ensina que a vida é feita de ciclos necessários. Que me autoriza a estar quieta mesmo quando a existência grita pedindo alguma resposta. Que ampara minha individualidade no meio de tanta gente padronizada e clonada.
E descubro agora que preciso lhe respeitar mais. A aceitar esse lado que me habita com serenidade, sem nega-lo ou tentar transforma-lo em algo novo ou diferente.
Foi assim desde o princípio, se lembra ? Somos a menina que, na formatura da pré escola, segurou a letra "X" e ouviu da professora: "Já que ela não fala, fica com a letra X, não há frases com essa letra...". A professora não sabia, mas a menina tímida e introspectiva não era só isso, e principalmente, não tinha somente a sua quietude a oferecer.
Ainda assim, preciso que se perdoe por não ser tão expansivamente atraente.
Por não adotar a extroversão como o método de conquista mais aceito, e portanto mais fácil.
Por buscar sua autenticidade mesmo que isso custe alguns momentos de desconfortável silêncio. Somos duas, e minha pressa de ser feliz negocia com o seu tempo de ser simples e aproveitar o momento. Nos completamos enfim. E agora abro a porta e lhe convido a ficar.
Diminuo a luz, e juntas brindamos a vida com aquele vinho que você tanto gosta.
Já não cabe mais regras ou julgamentos para a nossa convivência.
Vamos desamar nossas defesas, insistir em nossa leveza, somar delicadezas.
Descobriremos afinidades, desejos de simplicidade, desapego de superficialidades.
Falaremos do tempo que restaura, das novas alegrias, daquilo que hoje faz a nossa pele arrepiar e o coração acelerar.
Não haverá mais espaço para os pequenos percalços, granizos diminutos de nossas tempestades passadas. Acima de tudo, seremos tolerantes ao silêncio que nos habita.
O silêncio que fala de esperança e lucidez. O silêncio que acalma e conforta.
O silêncio que um dia você me segredou que também é parte do tecido que somos feitos.
O silêncio que só precisamos ser, permitir e sentir...Bem vinda!
Fabíola Simões


domingo, 3 de maio de 2015

Sons reconfortantes



Certa vez, eu tive o prazer de conhecer uma garota que tinha o poder de voar.
Sim. Pode até parecer mentira, mas se trata da mais pura verdade.
Pode acreditar, ela voava mesmo.
E como ela fazia isso ? Quando ninguém estava prestando atenção.
Enquanto todos estavam procurando o que fazer da vida, ela se transformava, em um lindo pássaro
com asas ainda mais belas.
Ela fazia isso sempre que se sentia sozinha, ou das vezes que todo o mundo se tornava complicado demais. Ela voava para longe...Seu destino principal, era sempre as florestas densas, que de preferência, deveriam ser rodeadas por montanhas, rios limpos e cristalinos que lhe garantiam o banho matinal refrescante.
Ela brincava de ser pássaro, e geralmente não tinha pressa em voltar, afinal a liberdade ali era dela...Só dela.
A sensação de estar livre, tinha o efeito de droga na alma daquela menina, e ela já não sabia mais como viver sem aquela sensação de abrir as asas e sentir-se livre para ir onde quiser, fazer o que quiser, e não ter que cantar novamente apenas por obrigação.
Quando a noite cai ela não se sente solitária...
Não, não. Até parece que a palavra: "solidão", não existe para ela.
As estrelas lhe servem de lâmpadas, enquanto admirada aprecia a beleza do que consegue ver adiante.
Ainda hoje ela continua sobre a montanha.
E ali mesmo com muito carinho, a passarinha menina, fez um ninho.
Onde ela pode abrigar seus sonhos...e recuperar as forças para quem sabe um dia, voltar a realidade da vida.Não que ela quisesse manter-se distante da realidade perpetuamente. Nada disso.
Ir até as montanhas e por lá permanecer durante algum tempo, é apenas questão de refúgio, abrigo e cuidado consigo mesma. Ela tem nos olhos a certeza de que a hora certa vai chegar, e nada lhe tira da mente que um dia a vida irá sobrepujar a morte e a alegria enfim triunfará sobre a tristeza.
Ela tem asas, sim ela pode voar até o céu, dar piruetas e voltar quando quiser.
A arte de estar sempre ávida por conhecimento, lhe concede o dom de sentir o aroma das folhas que lhe cercam, afim de desfrutar da vida, com a simplicidade que ela deveria ensinar ao mundo como ter. Ela tem asas, porém por mais incrível que possa parecer, as asas são o menor detalhe que se pode observar nessa garota.
Ailton César C. Bastos




domingo, 18 de janeiro de 2015

18/01/2015


Seus passos romperam o silêncio da madrugada.
Quando a porta se abriu pude ver seu resplandente rosto a receber delicada moldura de luz.
E então Ele surgiu.
Olhou-me como se desejasse reconduzir-me ao início de tudo
e num sussurro pronunciou: "Eu sou a montanha onde podes encontrar abrigo;
eu sou teu distante deserto e sua altaneira montanha. Deixa tua alma cansada voar até mim.
Eu te consolarei, te pegarei nos braços e falarei de paz a tua alma. Estou sempre contigo."
Depois fechou a porta e se foi.
A oração da fala soou com leveza paterna a pele frágil de minha insuficiência humana.
Naquela hora, um só pensamento me ocorreu: A certeza de que nunca estive só.
Luana Portilho 




domingo, 14 de dezembro de 2014

Livremente livre.


Descortinar os mistérios da vida
É o mesmo que descortinar a própria alma.
É adentrar em lugares sombrios que outrora estavam abandonados.
E dizer, no àpice do êxtase: Não tenho mais medo!
Não temo mais o desconhecer que me limitava.
Não temo mais o cativeiro que me assolava.
Hoje os limites se romperam junto com os caminhos das impossibilidades.
Trazendo a liberdade de mim, e de você.
Só por hoje navegarei em sua imensidão
Navegarei no infinito, sem retorno, sem fim e sem abandono.
Luana Portilho 

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Meu romance.



Olhe para as formas como as flores florescem pra você.
Elas querem mostrar sua beleza, Senhor.
Fazendo as águas dançarem.
Você é o meu romance.

Os anjos dançam ao teu redor
A terra canta sobre você.
Abra os céus, Senhor.
Deixe que seu reino venha a terra.

Todos os meus louvores são à sua cerca.
Minha alma não pode dançar sem você.
Sim, ela não pode dançar sem você.




quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Nota de hoje


Que venha o despertar
De novas cores, novos sabores e de um novo tempo.
Que venha a felicidade
Abro as portas do meu coração para que entre hoje.
És bem vinda, sente aqui e fique o quanto quiser.
Traz contigo aquilo que lhe apraz.
Estou aqui, óh dona minha.
Que toda a escuridão se intimide e saia pela porta de trás.
Luana Portilho